O Lapf foi criado em 2008 no âmbito do Departamento de Educação da PUC-Rio, tendo sido registrado no diretório do CNPq entre 2009 e 2011. Seu objetivo foi a promoção da análise dos processos de agenciamento de identidades, memórias e territórios coletivos, em sua relação com os processos de produção e transmissão do conhecimento, tanto em suas modalidades escolares quanto não escolares. A partir de 2012, porém, suas atividades regulares foram encerradas. Este espaço permanece disponível como registro desta experiência de pesquisa e como meio para que seus antigos participantes eventualmente possam continuar divulgando e promovendo o tema.

quinta-feira, 10 de março de 2011

CONVITE: Simpósio Temático / ANPUH 2011


Convite para apresentação de trabalhos no [Simpósio Temático 126]
Territórios Negros – história e memória na organização da posse da terra e das práticas espaciais de comunidades negras tradicionais
ANPUH 2011 / USP, de 17 a 22 de julho de 2011

Coordenadores: JOSÉ MAURÍCIO ARRUTI

Resumo: Este Simpósio Temático tem por objetivo reunir pesquisas relativas à história documental, história oral ou etnografia histórica de grupos sociais que, reconhecidos ou apenas auto-identificados como comunidades negras, tenham instituído territórios sociais particulares, seja por meio da ocupação, pela criação de redes sociais ou pela configuração de caminhos e percursos. Interessa-nos, em particular: (a) as modalidades de gênese ou produção destes territórios e espaços sociais; (b) as suas configurações sociais, históricas e espaciais; (c) os modos de apropriação contemporâneos a que tais territórios são submetidos ou dão lugar; (d) os processos de desapropriação ou reterritorialização destas comunidades; (e) as questões teórico-metodógicas relativas á re-produção e gestão de memórias individuais e coletivas destes espaços; e, finalmente, (f) o impacto das novas evidências, trazidas pela visibilidade destes grupos e territórios para as histórias locais e regionais. Privilegiaremos abordagens bem documentadas, que sejam capazes de se oferecer á reflexão teórico-metodológica interdisciplinar, com ênfase na relação entre História e Antropologia.

Justificativa: Uma confluência de abordagens recentes, oriundas de campos de debates distintos, tem apontado para o desenho de um campo temático novo, que fica a meio caminho entre a História e a Antropologia; entre a sociologia do campesinato e os estudos de etnohistória; entre a reflexão sobre os modos sociais de lembrar e de abordar o tempo e a historiografia de temas consagrados como a terra e a escravidão. A emergência de um movimento social quilombola e sua demanda pelo reconhecimento de direitos territoriais reivindicados com base em um modo de ocupação tradicional deu lugar, por sua vez, à produção de “laudos antropológicos” de identificação territorial, ao modo do que já ocorria no caso das áreas indígenas. Tais trabalhos, centrados fundamentalmente na abordagem da memória da ocupação e dos usos sócio-culturais do espaço, acabaram despertando grande interesse pelas evidências históricas inéditas que foram capazes de gerar, absolutamente desconhecidas, ou ao menos desconsideradas, pela historiografia tradicional. Isso gerou tanto conflito quanto interesse no diálogo por parte de historiadores e antropólogos, permitindo a afluência de interpretações oriundas dos campos de estudos sobre a posse e propriedade da terra no oitocentos; sobre as rebeliões escravas e quilombos; sobre tradições e redes sócio-religiosas e rituais escravas; sobre os lugares do tráfico ilegal de escravos; sobre a família escrava, sobre etnohistória e sobre o período pós abolição. Sugerimos que um Simpósio sobre o tema dos Territórios Negros possa servir como espaço de convergência e debate entre os aportes trazidos por estes campos, somados aos materiais levantados diretamente no exercício de produção dos citados “laudos antropológicos”.

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