O Lapf foi criado em 2008 no âmbito do Departamento de Educação da PUC-Rio, tendo sido registrado no diretório do CNPq entre 2009 e 2011. Seu objetivo foi a promoção da análise dos processos de agenciamento de identidades, memórias e territórios coletivos, em sua relação com os processos de produção e transmissão do conhecimento, tanto em suas modalidades escolares quanto não escolares. A partir de 2012, porém, suas atividades regulares foram encerradas. Este espaço permanece disponível como registro desta experiência de pesquisa e como meio para que seus antigos participantes eventualmente possam continuar divulgando e promovendo o tema.

domingo, 17 de outubro de 2010

Orientação para o uso das Fichas de Leituras

Descrição das Fichas de Leitura


As Fichas de Leitura servem como um guia de leitura de textos científicos em Ciências Sociais, que não substitui o resumo ou a resenha. Sua função é ajudar a identificar os elementos centrais na organização de qualquer texto acadêmico, de forma a orientar a sua discussão dentro de sala. A Ficha de Leitura foi pensada como uma ferramenta útil em ao menos três sentidos:

1. Serve como uma pauta de orientação objetiva para o debate em sala ou em grupos de estudos sobre os textos lidos.

2. Serve como ferramenta de identificação rápida dos textos e de seus caracteres mais importantes, tornando-os acessíveis à pesquisa bibliográfica em meio ao conjunto de textos que o estudante vai acumulando ao longo do curso;

3. Ao servir como um guia de leitura da estrutura do texto acadêmico, contribui para o treinamento do estudante na produção de seus próprios textos científicos.

Sobre as categorias utilizadas na “Ficha de Leitura”:

1. Objetivo(s):

Aquilo que o próprio autor apresenta como intenção principal do texto, em geral traduzida por meio de expressões como analisar, descrever, demonstrar, historiar, comparar, exemplificar etc. Atenção para o fato de o autor eventualmente ter mais de um objetivo ou ter objetivos secundários ou subsidiários a um objetivo geral e mais amplo;

2. Objeto:

Problema ou hipótese teórica ou analítica central ao texto, que deve ser definida de forma abstrata, tendo por referência, em geral, debates bibliográficos ou teóricos mais amplos e independentes da empiria. Debate ou problemática para a qual o “objetivo” do texto vem contribuir cumulativa ou criticamente;

3. Empiria ou fontes:

Todo material de demonstração relacionado pelo autor para construir seu objeto e alcançar seus objetivos. Tudo que serve mais como descrição do mundo do que como interpretação dele: a observação direta do próprio autor, documentos, materiais iconográficos, referência ao senso comum, relatos históricos ou etnográficos coletados pelo autor de outros textos etc.

4. Conclusões:

Toda sentença ou juízo que resulta do texto e que deve estar em diálogo direto com os seus objetivos. Atenção: as conclusões não vêm sempre ou necessariamente ao final dos textos. Alguns autores escolhem apresentar as suas conclusões desde o início do texto, ou escolhem apresentar as várias conclusões ao longo do texto.

5. Principais conceitos:

Categorias ou expressões às quais o texto atribui sentidos precisos (que em geral não são perfeitamente coincidentes com seus significados dicionarizados) e centrais ao argumento do texto. Como, a rigor, qualquer categoria pode ter um valor conceitual, a identificação dos conceitos aqui passa por sua necessária hierarquização: quais são os conceitos mais centrais e quais subsidiários, tendo em vista o “objeto” e os “objetivos” do texto.

6. Diálogos ou afiliações

São os autores, escolas ou linhas teóricas apontadas pelo autor como importantes na construção de sua análise, ou às quais ele recorre para construir positivamente ou cumulativamente as suas idéias. Por isso, não se trata de todos os autores citados, mas apenas aqueles que, no texto, são apresentados como importantes na construção do seu “objeto” ou na análise de seus materiais empíricos etc.

7. Críticas ou debates

São os autores, escolas ou linhas teóricas apontadas pelo autor como importantes na construção de sua análise, mas por contraste, na construção das suas idéias. Novamente, não se trata de todos os autores citados, mas apenas aqueles que, no texto, são apresentados como importantes na oposição às suas idéias.

8. Questões e dúvidas suscitadas

Este é o espaço destinado às manifestações mais pessoais do leitor: suas opiniões, dúvidas, discordâncias, correlações de idéias ou textos outros, que podem ajudar a colocar o texto lido em um contexto interpretativo, seja do curso, do grupo de estudos ou do acúmulo de leituras do próprio estudante.



Modelo de Ficha de Leitura:

Clique aqui para baixar o modelo da Ficha de Leitura em word.

Orientações para a produção de Situações Didáticas (SD)

Conceito de Situação Didática

Chamamos “situação didática” uma atividade que o professor realizará com sua turma a fim de desenvolver, por meio da experimentação prática, determinado conceito ou idéia apresentada de forma abstrata. Essas atividades devem estar comprometidas com o desenvolvimento de novas percepções e atitudes, tendo por base o tema-conceito trabalhado. O trabalho desenvolvido nas SDs pode ser elaborado tendo por base materiais comuns e de livre acesso, retiradas do cotidiano, da literatura, do cinema e outras mídias, ou produzidos pelo professor, especialmente para esta situação. Neste caso as SDs passam a ser pensadas como produto de um processo de pesquisa com fins pedagógicos, sendo que a própria pesquisa, se for realizada com a participação dos alunos, pode se constituir como uma SD.
De uma forma ou de outra, as SDs devem proporcionar maior compreensão e criticidade dos alunos a respeito do tema-conceito trabalhado, exercitando a observação do modo pelo qual as idéias abstratas são produzidas (geradas, avaliadas, adaptadas, criticadas e transformadas) por meio da mediação do mundo. Estamos diante da proposta de pensar o contexto de aula a partir de uma perspectiva que se aproxima do 'laboratório' (nos termos de J. Dewey) ou da 'práxis' (nos termos de P. Freire), isto é, que promove um posicionamento ativo do aluno do acesso aos conceitos oferecidos pelo professor, assim como a inserção destes na realidade imediata e concreta dos próprios alunos.

As Fichas de Situação Didática são roteiros para objetivação e planejamento das SDs, compostos dos seguintes elementos básicos:

Elementos da Situação Didática

1. Materiais:

Descreva com base em quais materiais os conteúdos deverão ser abordados: notícias, músicas, literatura, moda, narrativas memoriais trazidas pelos alunos ou pelo professor etc.

2. Objetivos / Conceito:

Descreva os objetivos que devem ser alcançados com a atividade: experimentar a diversidade de concepções de tempo, relatizivar a idéia de progresso e de evolução; distinguir as noções biológica e sociológica de raça, apreender a diversidade social presente em nossa sociedade etc. Tente descrever tais objetivos tendo por eixo um conceito específico, tomado de forma clara. Isso é importante para a sua orientação diante de eventuais necessidades de adaptação ou redirecionamento prático da SD.

3. Temas ou disciplinas associadas:

Aponte como a SD está relacionada com conteúdos ministrados em disciplinas como História, Literatura ou Matemática, ou, ainda, como ela mobiliza reflexões sobre temas correlatos ao seu Conceito: uma SD cujo objetivo seja “as noções biológica e sociológica de raça” pode estar associada a temas como gênero e família, por exemplo.

4. Disparador

O disparador pode ser o contato direto com os Materiais escolhidos, como, por exemplo, pedir aos alunos para levarem exemplos de publicidade que abordem certa questão, ouvir um trecho de música ou realizar a leitura de uma notícia de jornal.

5. Orientações para o professor abordar o conteúdo

Crie uma atividade relacionada ao conteúdo, que promova o desenvolvimento das atitudes desejáveis. Descreva claramente as etapas para a realização da atividade.

Indique a dinâmica mais adequada à atividade proposta: individual, em duplas ou grupos, ou coletivamente. Para descrever e orientar a SD, enderece sua fala ao/à professor/a, num tom pouco formal e de caráter sugestivo. Seja claro na linguagem e evite regionalismos que possam dificultar a compreensão de professores/as de diferentes origens do país.

6. Sistematição ou Fechamento

Proponha um fechamento da SD com o objetivo de sistematizar a aprendizagem proporcionada. Essa sistematização pode ser feita pelo professor, pela turma toda junta, por grupos ou individualmente pelos alunos. Pode ser desde uma rápida memória das palavras-coneitos mais importantes até o registro mais complexo, como um trabalho escrito, um mural, um vídeo ou uma música, entre outros.

Dicas:

Atenção ao Direito Autoral: legalmente só se pode copiar/utilizar pequeno trecho de uma obra qualquer, seja esta letra de música, poema ou artigo de jornal, exceção feita a textos e imagens de domínio público. Querendo ou precisando trabalhar com texto completo ou com imagens que não são de domínio público, a solução é indicar o link onde tal texto ou imagem se encontra na Internet.

Ficha de SD:

Clique aqui para baixar o modelo de Ficha de SD em word