O Lapf foi criado em 2008 no âmbito do Departamento de Educação da PUC-Rio, tendo sido registrado no diretório do CNPq entre 2009 e 2011. Seu objetivo foi a promoção da análise dos processos de agenciamento de identidades, memórias e territórios coletivos, em sua relação com os processos de produção e transmissão do conhecimento, tanto em suas modalidades escolares quanto não escolares. A partir de 2012, porém, suas atividades regulares foram encerradas. Este espaço permanece disponível como registro desta experiência de pesquisa e como meio para que seus antigos participantes eventualmente possam continuar divulgando e promovendo o tema.

domingo, 24 de julho de 2011

Colóquio: Dispositivos urbanos e tramas dos viventes: ordens e resistências


Colóquio: “Dispositivos urbanos e tramas dos viventes: ordens e resistências”
09 a 11 de novembro na UERJ, Rio de Janeiro

Em Foucault a idéia de dispositivo, essencialmente estratégica, é a de um conjunto produzido pelo cruzamento heterogêneo de relações de poder e de saber.  Vamos tomá-la como referência inicial para pensar algumas questões relativas ao “urbano”. As grandes metrópoles têm enfrentado permanentemente imposições do modelo econômico liberal que, por sua vez, se apresentam e se articulam com projetos variados de estruturação e ordenamento da cidade no plano político, social e cultural. Políticas de habitação, de patrimônio, de cultura, de gestão de conflitos, de “pacificação”, de controle ambiental, de combate à criminalidade - todas, sem exceção, possuem como um dos seus elementos ordenadores a presença de uma população “pobre” na cidade, vista como a grande “questão social” a ser “resolvida”. De modo geral, esses projetos ancoram-se em discursos que, tendo a temática da ordem urbana como mote, promovem horizontes sociais e políticos bastante heterogêneos em termos da gestão da cidade. No entanto, há neles uma premissa em comum, a saber, colocam aqueles identificados como pobres como o grande obstáculo ao seu desenvolvimento. O objetivo deste colóquio é promover uma discussão que nos ajude a analisar os dispositivos postos em funcionamento para gerir a pobreza e as formas de resistência de indivíduos e grupos que afloram e também estruturam a vida em espaços diversos. Quais têm sido as margens de manobra, as adaptações, as escolhas, os horizontes e as táticas de resistência que encontramos em nossos estudos de caso, no interior desse universo sem limites precisos, mas atravessado por fronteiras variadas, que é o da pobreza urbana? 
Patricia Birman e Carly Machado


09 de novembro: 


9h Abertura
Palestra de Michel Agier (EHESS/Paris)
Debatedora: Cornélia Eckert (PPGAS/UFRGS)

14h Mesa-redonda: Entre o legal e o ilegal: práticas e discursos sobre o urbano

A questão do deslizamento entre o “legal” e o “ilegal”, já apontada por diferentes autores, ganha relevância quando levamos em conta os alvos precisos das políticas urbanas. Percebemos no Rio de Janeiro, bem como em outras metrópoles, políticas variadas que se projetam em nome do combate ao crime, da “pacificação” de territórios, do “meio ambiente”, da “modernização” da cidade, do “desenvolvimento do turismo” e do “resgate do patrimônio”. Seus entrelaçamentos, contradições e complentaridades na definição dos estatutos, direitos, atribuições e pertencimentos identitários das populações concernidas têm engendrado efeitos também múltiplos nas tramas de vida dos indivíduos. Como analisá-los?
Fernando Rabossi (IFCS/UFRJ)
Lia Mattos (UERJ)
Rafael Gonçalves (PUC-Rio)
Cesar Pinheiro Teixeira (IFCS/UFRJ)
Moderadora: Patrícia Birman (UERJ)
Debatedora: Sandra de Sá Carneiro (UERJ)

10 de novembro:
“Presos do lado de fora”: periferias, quilombos, favelas e ocupações

A nossa tentativa, como a expressão foulcauldiana acima sugere, é de aproximar essas diferentes identificações territoriais que hoje concernem aos moradores das metrópoles. De um lado, trata-se de levar em conta o fato de que todos esses espaços são marcados por uma forma de exclusão da cidade “oficial” De outro lado, tentaremos destacar as dificuldades, as ações e as dinâmicas que acompanham a identificação, sempre instável, das fronteiras impostas e dos estatutos sociais e políticos dos seus habitantes. De que forma é possível aproximar e distinguir as demandas e as dificuldades enfrentadas pelos moradores de uma metrópole quando encarados através do pertencimento a esses diferentes territórios?

9h Mesa-redonda
Veronique Boyer (CNRS)
Delma Pessanha (UFF) 
José Maurício Arruti (PUC-Rio)
Jerome Souty (UERJ)
Moderadora: Simone Vassalo  (UERJ)
Debatedor: André Figueiredo (UFRuralRJ)

14h Mesa-redonda
Jussara Freire (UENF)
Bianca Medeiros (FGV)
Adriana Fernandes (UERJ) 
Amanda Dias (Global Prayers)
Moderadora: Maria Josefina (UERJ)
Debatedora: Clara Mafra (UERJ)

11 de novembro:

10h  
Palestra: Vera Telles (USP)
Debatedor: Michel Agier (EHESS/Paris)

14h Mesa-redonda: Experiências de terror: revelação e ocultamento
Entre projetos de ordem e de resistências mais ou menos explícitas, uma margem de experiências de terror se encontra em uma zona submersa e quase invisível no meio urbano. Não é que não se saiba, ao contrário, tortura e crimes bárbaros estão sempre nas manchetes dos jornais. A revelação, como diria Michael Taussig, não exclui mas exige também um ocultamento. Pretendemos tratar aqui da dinâmica que envolve esses dois movimentos: de um lado, através do que se destaca pela mídia; e de outro lado, através do que se oculta, ou ainda, do que se invisibiliza quando se revela o terror dos crimes cotidianos. Como identificar e analisar os contextos, as situações e os atores dessas experiências de terror?
José Claudio Souza Alves (UFRuralRJ)
Carly Machado (UFRuralRJ)
Juliana Farias (IFCS/UFRJ)
Myriam Santos (UERJ)
Adriana Vianna (MN/UFRJ)
Moderação e Encerramento:  Márcia Leite (UERJ)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Novo texto do Lapf publicado em livro sobre Educação e realidade quilombola



Confira o texto
EDUCAÇÃO QUILOMBOLA EM DEBATE: A ESCOLA EM CAMPINHO DA INDEPENDÊNCIA (RJ) E A PROPOSTA DE UMA PEDAGOGIA QUILOMBOLA 
de José Maurício Arruti, Kalyla Maroun e Ediléia Carvalho, pesquisadores do Lapf, no livro:
Construindo Quilombos, desconstruindo mitos: a Educação Formal e a realidade quilombola no Brasil, organizado por Ana Stela de Almeida Cunha (São Luís, SETAGRAF, 2011, pp. 29-44)

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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Direitos Humanos, Memórias e Políticas de Reconhecimento


IX RAM - Reunião de Antropologia do Mercosul
UFPR, Curitiba, de 10 a 13 de julho de 2011

GT30 - Direitos Humanos, Memórias e Políticas de Reconhecimento

Valentina Salvi (Conicet)
Marcella Beraldo de Oliveira (UFJF)
Liliana Lopes Sanjurjo (UNICAMP)

O GT propõe discutir a temática dos Direitos Humanos considerando a generalidade e a localidade em que essa categoria é acionada, articulando a universalidade e a particularidade de seus usos. Afastando-se das discussões teóricas mais normativas, a idéia é problematizar como a noção de Direitos Humanos – que se remete à articulação entre os chamados direitos sociais e as liberdades individuais, bem como à diversidade cultural e a defesa dos valores democráticos –, é apropriada e instrumentalizada por distintos atores sociais para a negociação de direitos em situações estratégicas específicas. Priorizaremos trabalhos vinculados a dois eixos temáticos: 1) o debate acerca da memória e violência das ditaduras do Cone Sul (direito à verdade, luta contra a impunidade, direito a identidade, reparação e reconhecimento); e 2) questões sobre direitos de cidadania e desigualdades sociais em que diferenças étnicas, de classe, sexuais, etárias, geracionais, religiosas etc, são base para discriminações e construções de hierarquias.

Para visualizar a programação completa deste GT clique aqui



3ª Sessão: Educação, Direitos e Políticas de Reconhecimento
Coordenação: Marcella Beraldo de Oliveira(UFJF)

Debate: José Maurício Arruti(PUC-Rio), Valentina Salvi (UBA-CONICET)
Título Tipo Participantes Resumo Trabalho completo
Los indígenas en Salta (Argentina) despues de las políticas de reconocimiento. Perspectivas Oral Catalina Buliubasich - Autor (CEPIHA. UNSa)

Educação em Direitos Humanos: a justiça social em debate Oral Brena Costa de Almeida - Autor ()
Ana Caroline A. Oliveira - Co-Autor (UFMA)
Flavio L. Castro Freitas - Co-Autor (UFMA)

O Direito das Crianças na sociedade dos Adultos: Diferenças de Compreensão, Conflito e Superação. Oral Antonio Luiz da Silva - Autor (UFPB)

Passaporte cultural e político: observações sobre a inserção das religiões no espaço publico escolar Oral Maria Edi da Silva - Autor (UFPE)

SER OU NÃO SER MINORIA: A (DES)CONSTITUIÇÃO DA REALIDADE PELO DIREITO NO CASO CAIÇARA Oral Larissa Mizutani - Autor (UnB)

NO CORAÇÃO DA SELVA: ATENTADOS À CONDIÇÃO HUMANA NA FRONTEIRA FRANCO-BRASILEIRA Oral Dorival da Costa dos Santos - Autor (UFF)

"Conflictos sociales y representaciones colectivas: su abordaje en las instituciones escolares" Oral María Luján Bertella - Autor (UNTREF / UBA)

A Fala de Tupã’I, Vida e Afirmação de um Líder Guarani: os novos caminhos da liderança indígena. Painel José Henrique Prado - Autor (UFGD)
Bruna Egidio - Co-Autor (UFMS)

Repertorias.Un tiempo y un lugar para contar nuestras historias. Painel Daniel Trincheri - Autor (FBA UNLP)
Marcela Trincheri - Co-Autor ()
Adriana Clavijo - Co-Autor ()

Efetividade dos Direitos Humanos na execução da pena:Uma análise no Presídio Regional de Santa Maria Painel Alessandra Alfaro Bastos - Autor (UFSM)

Etnografias e Culturas Escolares no Mundo Ibero-Latino-Americano


IX RAM - Reunião de Antropologia do Mercosul
UFPR, Curitiba, de 10 a 13 de julho de 2011

GT37 - Etnografias e Culturas Escolares no Mundo Ibero-Latino-Americano

Amurabi Oliveira (UFAL)
Sandra Tosta (PUC-MG)
Ricardo Vieira (IPL – Portugal)

Na antropologia, questões que dizem respeito às formas de produção, transmissão e distribuição do conhecimento, nas diversas sociedades e culturas tem-se mostrado uma constante em seu debate. Longe de configurar algo novo, como nos aponta Gusmão, o diálogo entre a antropologia e a educação remonta ao próprio debate do culturalismo americano, iniciado por Boas, mas continuado por autores como Mead e Benedict. Buscamos aqui alargar o debate entre estes dois campos, destacando o universo escolar como objeto antropológico, bem como a etnografia como possibilidade metodológica para o este universo. Pensar a educação (e a escola de modo particular), como universo de práticas, representações, fricção interétnica, etc, é trazer à tona a necessidade de lançar um olhar antropológico sobre tal realidade. Abrimos, assim, a possibilidade para os mais diversos diálogos possíveis entre estes dois campos, destacando o caráter polifônico desta articulação.


Trabalho do Lapf:
José Maurício Arruti -(PUC-Rio)
- O debate em torno de uma “educação quilombola” – notas entre o micro e o macro
Resumo:
Este trabalho tem o objetivo de apresentar um breve panorama do debate que começa a ser desenhado em torno de uma proposta de "educação diferenciada", voltada especificamente para as populações quilombolas. Tendo por referência desde os macro-dados do Censo Escolar, até a etnografia de uma disputa local, travada no contexto de uma comunidade quilombola em particular, mas passando também por experiências municipais, estaduais e nacional de definição de Diretrizes para a “educação quilombola”, nossa investigação busca delimitar o campo de mediações políticas, institucionais e culturais em torno do tema, destacando os pressupostos e categorias centrais do debate. Para isso será fundamental identificar as relações entre a emergente idéia de "educação quilombola" e experiências anteriores e já relativamente consolidadas, como a Educação Indígena e a Educação do Campo.

Para visualizar a programação completa deste GT clique aqui



Os usos da antropologia em tempos de multiculturalismo oficial


IX RAM - Reunião de Antropologia do Mercosul
UFPR, Curitiba, de 10 a 13 de julho de 2011


MR 35 - Os usos da antropologia em tempos de multiculturalismo oficial: dilemas e desafios da relação atual entre antropologia e estado

Coordenação: José Maurício Arruti (PUC-Rio)
Coordenação: Miriam Hartung (UFSC)
José Antonio Kelly (UFSC)
Morita Carrasco (UFBA)
Vânia R. Fialho e Souza (UFPE)

13/07/2011 – 4ª feira – Horário: 9h-11h30

Os Estados latino-americanos contemporâneos foram marcados, na última década, pela disseminação de reformas constitucionais e pela implantação de políticas de reconhecimento da diversidade sócio-cultural. Ao inverter o postulado assimilacionista e assumir o multiculturalismo como matriz política e jurídica, buscam incorporar novos saberes e gramáticas, cujo fundamento está na Antropologia. Tal reaproximação entre Antropologia e Estado já não pode ser vista nem como variação do papel da disciplina no empreendimento colonial, nem apenas como crítica ao Estado monocultural e nem pode ser interpretada dentro dos estreitos limites do debate operacional e metodológico. Tal relação implica, hoje, em novas tensões, desafios e dilemas. Trata-se, pois, de discutir o ponto de vista da disciplina neste novo contexto de reaproximação com o Estado e o impacto dessa relação sobre seus pressupostos teóricos.