O Lapf foi criado em 2008 no âmbito do Departamento de Educação da PUC-Rio, tendo sido registrado no diretório do CNPq entre 2009 e 2011. Seu objetivo foi a promoção da análise dos processos de agenciamento de identidades, memórias e territórios coletivos, em sua relação com os processos de produção e transmissão do conhecimento, tanto em suas modalidades escolares quanto não escolares. A partir de 2012, porém, suas atividades regulares foram encerradas. Este espaço permanece disponível como registro desta experiência de pesquisa e como meio para que seus antigos participantes eventualmente possam continuar divulgando e promovendo o tema.

quinta-feira, 8 de junho de 2006

SEMINÁRIO ECONOMIA E POPULAÇÕES QUILOMBOLAS

SEMINÁRIO
ECONOMIA E POPULAÇÕES QUILOMBOLAS
                             

Local: Goiânia

Data: 08 a 10 de junho de 2006

Organizadores:
Emília Pietrafesa de Godoi (Diretora Regional da ABA 2004-2006/Unicamp)
José Maurício Arruti (CEBRAP / KOINONIA)

Realização:
ABA – Associação Brasileira da Antropologia
MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário


Justificativa
Sabe-se que a separação da economia das outras esferas da vida como o parentesco, a política, a religião etc, é um produto da história e como tal não se operou de modo igual por toda parte e em todas as sociedades, nem sequer em todos os grupos no interior de uma mesma sociedade. Assim, quando discutimos a economia camponesa, ou de comunidades rurais, um dos aspectos que salta aos olhos é o modo como ela vem imbricada em outros domínios do universo social, não podendo ser entendida divorciada destes. Isso é tanto mais relevante quando temos em foco comunidades que, contemporaneamente, destacam os elementos de memória e cultura – mais que os relacionados à economia e ao trabalho material – na definição de suas identidades – tanto as específicas, quanto a categórica, voltada a uma mobilização política nacional – como acontece com os grupos quilombolas.
Quais as particularidades que o ideal camponês da autonomia do trabalho familiar, por exemplo, assume em contextos como esses? Mesmo quando está presente a “troca de dias de trabalho” ou até a “venda e a compra de dias de trabalho”, as relações produtivas se estabelecem na esfera da solidariedade e são pensadas principalmente por meio de categoria que exprimem a reciprocidade entre iguais, vizinhos e parentes, em oposição ao “trabalho sujeito” ou “cativo” – categorias usadas para o trabalho subordinado às ordens de um patrão. Mas como tais noções de liberdade e de cativeiro, opostas no discurso camponês sobre o mundo do trabalho, se articulam na memória e na organização social contemporânea dos grupos descendentes de ex-escravos, forros ou quilombolas? Enfim, é possível formular uma série de perguntas semelhantes a estas, mas que sugerimos ser possível traduzir em duas questões fundamentais. Há, de fato, alguma singularidade na economia quilombola capaz de a distinguir no conjunto das economias camponesas? Ou, em quase simétrica oposição a esta questão: O quanto parte das características atribuídas a um campesinato genérico, por parte da sociologia brasileira, tendeu a apagar particularidades que hoje podem (e devem?) ser colocadas em relevo por meio da observação de uma “singularidade quilombola”?


Objetivos
Este seminário pretende dar uma formulação mais precisa e rigorosa a essas questões e apontar para possíveis respostas, por meio do debate sobre a reflexão antropológica acerca das chamadas comunidades quilombolas (ou remanescentes de quilombos, territórios negros, terras de preto), assim como sobre o estado atual das iniciativas produtivas que partem da suposição dessa diferença. A intenção é que este Seminário se constitua num espaço de trabalho, do qual deverão resultar documentos - como os relatórios dos grupos de trabalho e das exposições dos projetos dos gestores públicos, além das comunicações que serão apresentadas por antropólogos - que possam ser reunidos em uma futura publicação.


Metodologia
O Seminário está estruturado em três partes, realizando em um primeiro momento uma discussão conceitual antropológica sobre a economia em contexto quilombola, seguida da exposição dos programas dos gestores públicos de projetos destinados a estas comunidades e, por fim, reunindo em grupos de trabalho participantes de movimentos e entidades de assessoria e apoio convidadas ao seminário, propõe o debate, subsidiado pelas discussões anteriores, das experiências concretas das comunidades.
Na primeira mesa-redonda, “Organização Social, Saberes Patrimoniais e Economia”, serão tratados aspectos fundamentais da economia camponesa como esfera imbricada em outras dimensões da vida, a especificidade da organização desse trabalho em contextos de reduzida ou nenhuma acumulação de capital, que faz uso direto de um conhecimento acumulado sobre a terra e demais elementos da natureza, assim como quais seriam as particularidades destes aspectos no contexto das comunidades rurais negras.
Na segunda mesa-redonda, “Projetos de Desenvolvimento em Comunidades Quilombolas – perspectivas”, aquelas e outras questões devem ser confrontadas com a descrição de experiências e projetos econômicos e de desenvolvimento sustentado oficiais, expostas por seus administradores ou beneficiários.
Nos grupos de trabalho, em que os participantes estarão reunidos, serão debatidas as experiências práticas de projetos de desenvolvimento quilombola em diálogo com as exposições anteriores.
Ao final, na plenária de encerramento, serão apresentados os relatórios da segunda mesa-redonda e das discussões dos grupos de trabalho, abrindo-se para manifestações da plenária, que também deverão ser registradas por um relator.  

Programação

1o. Dia

9:00
Abertura : Seminário Economia e Populações Quilombolas
            Miriam Grossi – Presidente da ABA
            Peter Fry – Vice-Presidente da ABA

Andrea Butto -  Coordenadora do PPIGRE/MDA



9:15 - 12:40

Mesa-Redonda: Organização Social, Saberes Patrimoniais e Economia

            Moderador: José Maurício Arruti (CEBRAP / KOINONIA)
1a. Parte (9:15-10:45)
Expositores:   Emília Pietrafesa (Unicamp)
Alfredo Wagner Berno de Almeida (UFF)
Vânia Fialho (UFPE)
Debatedora:   Neide Esterci (UFRJ)
Pausa para café
2a. Parte (11:00-12:40)
Expositoras:   Rosa Acevedo (UFPA)
Maristela Paula Andrade (UFMA)
Miriam Furtado Hartung (UFSC)
Debatedora:  Ellen Woortmann (UnB)

14:30 – 17:30

Mesa-Redonda:        Projetos de Desenvolvimento em Comunidades Quilombolas – perspectivas

            Moderador: José Augusto Laranjeira Sampaio (UNEB)

Expositores:   Representante do ITESP
                                   Representante do ITERPA
                                   Representante do MDA
                                   3 representantes (nacional e regionais) do Movimento Quilombola
Debatedor:     Mauro William Barbosa de Almeida (Unicamp)
Relatora:        Joceline Trindade (UFPA / MDA)
             

2o. Dia

9:00 – 12:00

Grupos de Trabalho: Projetos de Desenvolvimento em Comunidades Quilombolas - expectativas, impactos e desafios

Reuniões de Trabalho por grupos de interesse. Cada grupo deverá debater as experiências práticas de projetos de desenvolvimento quilombola de seus participantes, em diálogo com as exposições anteriores. Um relator por grupo deverá registrar os debates e apresentar seus resultados na tarde do mesmo dia.

14:00 – 18:00

Plenária:                   

Apresentação dos relatórios resultantes das discussões dos grupos de trabalho e da segunda mesa-redonda, abertura para manifestações da plenária e encerramento.

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