O Lapf foi criado em 2008 no âmbito do Departamento de Educação da PUC-Rio, tendo sido registrado no diretório do CNPq entre 2009 e 2011. Seu objetivo foi a promoção da análise dos processos de agenciamento de identidades, memórias e territórios coletivos, em sua relação com os processos de produção e transmissão do conhecimento, tanto em suas modalidades escolares quanto não escolares. A partir de 2012, porém, suas atividades regulares foram encerradas. Este espaço permanece disponível como registro desta experiência de pesquisa e como meio para que seus antigos participantes eventualmente possam continuar divulgando e promovendo o tema.

quarta-feira, 2 de março de 2011

[Pós] Antropologia e Educação: IDENTIDADE, ALTERIDADE E RECONHECIMENTO

CENTRO de TEOLOGIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÂO
2011.1

PÓS-GRADUAÇÃO (MESTRADO E DOUTORADO)
EDU 2279
PROF. JOSÉ MAURÍCIO ARRUTI
3as / 13hs-16hs
CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 HORAS
CRÉDITOS: 3


EMENTA
A apropriação do saber antropológico pelos profissionais da educação vem possibilitando um olhar mais complexo sobre os fenômenos ditos educacionais. O curso convida o educador a mergulhar em outro sistema de referências teóricas e a inspirar-se no ofício e na prática do antropólogo para a construção de seu objeto de pesquisa. O roteiro de estudos aqui apresentados tem como objetivo estabelecer os primeiros passos para a elaboração de um saber de fronteira entre a Antropologia e a Educação.

OBJETIVOS
O objetivo deste curso é oferecer uma introdução ao conceito de Identidade na Antropologia, sendo que seus objetivos subsidiários são:
Módulo 1: Sobre “Eu” - Uma introdução aos debates sobre a noção de pessoa, individualismo e “self”;
Módulo 2: Sobre “Nós” - Uma introdução aos debates sobre as identidades coletivas: étnicas, raciais, de gênero e nacionais;
Módulo 2: Sobre “Eles” - Uma introdução aos debates sobre as políticas de reconhecimento.

PROGRAMA
Este curso tem por objetivo oferecer uma introdução à abordagem antropológica da temática da identidade social. Para isso ele se dividirá em três blocos que apontam para dimensões diferentes e autônomas, porém complementares desta temática, cada um deles ganhando por título um pronome pessoal – Eu, Nós, Eles. Vale alertar desde já que tais dimensões não implicam uma hierarquia de importância ou qualquer sucessão lógica ou histórica das abordagens que visitaremos. Na verdade cada uma destas dimensões se oferece como um campo próprio de observação e análise antropológica, que serão reunidas aqui apenas em função do ponto de vista particular que adotamos. A observação do modo pelo qual a questão da identidade social situa-se na base de diferentes problemas históricos, sociológicos e mesmo psicológicos – tais como a ideologia individualista moderna, os processos de unificação nacionais, as biografias, as relações cotidianas face-a-face, a formação da personalidade, as fronteiras dos grupos étnicos, assim como as atuais políticas públicas de ação afirmativa, entre outros – nos permite apreender tanto as razões pelas quais o uso da categoria “identidade” foi vulgarizada, ao ponto dela ser usada como categoria tampão em uma série de discursos de senso comum, como se a sua simples evocação respondesse a perguntas complexas, quanto a necessidade de retornarmos criticamente a ela, na busca de sua reconstituição teórica.

METODOLOGIA
O curso será dividido em três blocos (Eu, Nós, Eles) que terão a mesma estrutura: três aulas expositivas, seguidas de duas aulas com dinâmicas de grupo: uma aula dedicada a “seminários” dos alunos baseados na bibliografia complementar, e a última aula do bloco dedicada à apresentação dos modelos gráficos de sistematização da bibliografia do módulo. Os modelos podem ser desde quadros sinópticos até representações menos convencionais, como mapas, esquemas, vídeos.
Cada bloco temático terá, portanto, duas bibliografias: uma bibliografia básica e obrigatória, de caráter teórico, que será exposta pelo professor e discutida em detalhe por todos os alunos (*) e outra, complementar, ainda a ser definida, que privilegiará a pesquisa empírica.
Bibliografia básica do primeiro módulo: Mauss, Dummont, Bourdieu, Honneth, Goffman.
Bibliografia básica do segundo módulo: Weber, Barth, Elias, Poutgnat e Streiff-Fenart, Anderson, Revel.
Bibliografia básica do terceiro módulo: Taylor, Frazer, Honnert, Hall, Geertz, Assies et alii.

* Sugiro que tomem por referência (ainda que não seja necessário preenchê-la) a Ficha de Leitura disponível também neste blog. 

AVALIAÇÃO
Ao final de cada módulo serão realizados seminários (bibliografia complementar,) e atividade de sistematização. A participação em cada uma destas atividades valerá até um (01) ponto (três módulos X duas atividades = seis pontos). O trabalho individual ao final do curso vale até quatro (04) pontos.

BIBLIOGRAFIA

Anderson, B. Nação e Consciência Nacional. São Paulo: Ed. Ática (em especial: “Introdução”, pp.9-16, “Raízes culturais”, pp.17-45, “As origens da consciência nacional”, pp.46-56, “A última onda”, pp.124-153 e “Patriotismo e racismo”, pp.154-168).
Assies. W. e Haar, G. van der e Hoekema, A. 1999. “La diversidad como desafio: uma nota sobre los dilemas de La diversidad”. Em: El Reto De La Diversidad. Zamora: El Colegio de Michoacán, pp. 505-542.
Barth, F. 1998. “Grupos étnicos e suas fronteiras”. Em: P. Poutgnat e J. Streiff-Fenart. Teorias Da Etnicidade. São Paulo: Editora da Unesp, pp.185-228.
Bourdieu, P. 2007 “A ilusão biográfica”. Em: Razões Práticas – Sobre a Teoria da Ação. São Paulo: Papirus (8ª. Ed.), pp. 74-82.
Dummont, L. 1992. Homo Hierarchicus – O Sistema das Castas e Suas Implicações. São Paulo: Edusp (“Introdução”, pp. 49-68).
Dummmont, l985. O Individualismo – Uma Perspectiva Antropológica da Ideologia Moderna. Rio de Janeiro: Rocco (“Gênese, I. Do indivíduo-fora-do-mundo ao indivíduo-no-mundo”, pp. 35-72)
Elias, N. e Scotson, J. L. Os Estabelecidos e Os Outsiders. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores (em especial: “Introdução: ensaio teórico sobre as relações estabelecidos-outsiders”, pp.19-50 e “Conclusão”, pp.165-186)
Geertz, C. 2001. Nova Luz Sobre a Antropologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores (em especial: “A situação atual”, pp. 86-130 e “O mundo em pedaços: cultura e política no fim do século”, pp. 191-228).
Goffman, E. 1980. Estigma: Notas Sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada”. Rio de Janeiro: Zahar editores (em especial: “Estigma e identidade pessoal”, pp. 11-50 e “Alinhamento grupal e identidade do Eu”, pp. 116-136).
Goffman, E. 1983. A Representação do Eu Na Vida Cotidiana. Petrópolis: Vozes (em especial: “Introdução”, pp.11-24, “Representações”, pp.25-75 e “Equipes”, pp. 76-100).
Hall, S. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: DP&A Editora.
Honneth, A. 2003. Luta Por Reconhecimento – A Gramática Moral dos Conflitos Sociais. São Paulo: Ed 34 (em especial: “Reconhecimento e socialização: Mead e a transformação naturalista da idéia hegeliana”, pp.125-154, “Identidade pessoal e desrespeito: violação, privação de direitos, degradação”, pp.213-226 e “Desrespeito e resistência: a lógica moral dos conflitos sociais”, pp.253-268).
Honneth, A. 2007. “Reconhecimento ou redistribuição? A mudança de perspectivas na ordem moral da sociedade”. Em: Jessé de Souza e Patrícia Mattos (orgs) Teoria Crítica no Século XXI, pp. 79-94.
Mauss, M. 2003. “Uma categoria do espírito humano: a noção de pessoa, a de ‘eu’.” Em: Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac &Naify, pp. 369-400.
Poutgnat, P e Streiff-Fenart, J. 1998. Teorias Da Etnicidade. São Paulo: Editora da Unesp (em especial: “Capítulo 1 – Etnicidade: um novo conceito para um fenômeno novo?”, pp.21-32, “Capítulo 4 – A etnicidade: definições e conceitos”, pp.85-122 e “Capítulo 6 – O domínio da etnicidade: questões-chave”, pp.141-172).
Revel, J. 1989. “Do Antigo Regime ao Império: a identidade regional, inevitável e impensável”. Em: A Invenção da Sociedade. Lisboa: DIFEL, pp. 159-180.
Weber, M. 1991. “Relações comunitárias étnicas”. Em: Economia E Sociedade, volume 1. Brasília: Editora da UnB, pp.267-277.

Um comentário:

  1. Boa tarde,
    Interessante a ementa do curso!
    Esta referência do Anderson não é do livro "comunidades imaginadas"?
    abs
    Camila Sampaio

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